*CAMĬA
Caima é resultado da metátese de /i/ de Camia, forma atestada em documentos medievais, na qual é plausível identificar um radical ou um elemento cam- 'curvo' (ou ideia fim). Este é detetável nos topónimos Camão (Oliveira de Azeméis), Camosa (Castelo de Paiva e Cinfães), Camouça (Soure) e Camoucho (Pampilhosa da Serra), talvez também relacionados com no nome comum cama, em sentido “topográfico-metafórico” (Topon_Port s. v. Camão). A terminação -ia permite relacionar este potamónimo outros cuja datação parece anterior à romanização: Paiva < Pavia, Lima < Limia, Umia, Ulla <Ulia (os dois últimos na Galiza). A atestação da forma Kamina num documento de 994 (PMH Diplomata, p. 104), referente a lugares hoje situados na freguesia de Ossela (Oliveira de Azeméis), sugere um -n- intervocálico posteriormente sincopado, como é característica do sistema galego-português. No entanto, uma atestação de 922 (922 PMH Diplomata p. 17) e outras posteriores (PMH Diplomata p. 84, 109, 505, 530) tornam incerta a existência dessa nasal e sugerem hipercorreção ou erro no registo de 994. Se Camianos, forma toponímica hoje sem localização clara, que ocorre no Paroquial Suevo (de 569; cf. Costa_LiberFidei e CODOLGA), encerra o radical cami(a)-, sem -n- intervocálico, e se a sua atestação for fiel ao registo do séc. VI, então, é plausível a ausência desse segmento no étimo de Caima, porque a síncope de -n- não estaria ativa antes do século X (cf. Williams_1961), p. 81).
Redaición: Carlos Rocha
A Ana Boullón Agrelo, agradecem-se as correções, sugestões e indicações prestadas.