Chaves
Tipologia edo geografia karakterizazioa
Etimoa
Ámbito semántico
Laburpen orokorra
Cidade transmontana caracterizada pelas suas águas termais. Conheceu diferentes denominações durante a antiguidade clássica e tardia, nomeadamente Ad Aquas ('Junto às Águas'), Aquae Flaviae e (Aquas) Flavias ('Águas Flávias'). É de*Flavies, variante latino-vulgar de Flavias, que provém a forma toponímica atual Chaves.
Geografi, historia, administrazio alderdiak
Núcleo urbano da província romana da Gallaecia, localizado no vale do rio Tâmega, onde se desenvolveu um importante balneário de águas medicinais. Constituiu a mansione (estação) Ad Aquas da Via XVII, que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga). O desenvolvimento da extração mineira na região do Médio Douro ao Minho teve como consequência a sua promoção jurídica a munícipio em 79 d. C. pelo imperador Tito Flavio Vespasiano, de onde provém a denominação oficial Aquae Flaviae. Em meados do séc. V, consiste na Aquaeflaviensi Ecclesia, de que é bispo Idácio, a quem se deve o relato da sua conquista e assolamento pelos suevos em 460. É integrada no reino visigodo nos finais do séc. VI e no Al-Andalus no VIII, até à sua presúria em 872 pelo conde Odoário. Entre os séc. X e XII esteve intermitentemente na posse de mouros e cristãos, até integrar o reino de Portugal em 1160, no reinado de Afonso Henriques. A vila recebeu o seu primeiro foral em 1258, outorgado por Afonso III de Portugal e confirmado em 1350 por D. Afonso IV. O seu senhorio foi doado no séc. XIV a D. Nuno Álvares Pereira por D. João I, de onde passou à casa de Bragança. Em 1514 D. Manuel I outorgou-lhe foral novo. A vila foi elevada a cidade em 1929.
Leku izen honentzako informazio berezkoa
Originalmente umas termas, onde se fixaria a estação viária Ad Aquas 'ao lado das Águas' (acusativo plural precedido da preposição ad), conforme atestado no Itinerário de Antonino MiliariosNorHisp. Posteriormente, Aquae Flaviae 'Águas Flávias', uma construção no nominativo plural, constituída pelo nome comum aqua e pelo gentilício, em função adjetival, do imperador Tito Flavio Vespasiano. A esta forma sobrepôs-se, em latim vulgar, a acusativa plural (Aquas) Flavias, agora com elisão do determinado. Estas duas últimas formas encontram-se ambas atestadas na Crónica de Idácio, Bispo de Chaves, no séc. V CronIdacio.
Só conhecemos atestações medievais a partir de finais do séc. XI, nomeadamente as covariantes latina Flavias, romances Chavias, Chavas e Chaves e as latinizadas Claves e Clavis. As romances continuam historicamente a construção latina no acusativo plural Flavias, conforme testemunham as variantes do plural feminino latino-vulgares em -as e -es (ambas conservadas dialetal e toponimicamente na província romana da Hispania) e a evolução do grupo inicial latino CL para a africada palatal surda em galego-português, representado pelo dígrafo <ch>. As latinizadas Claves e Clavis, por sua vez, resultam de uma falsa reconstituição etimológica baseada na convergência homonímica do topónimo Chaves com o plural do nome comum chave (< lat. claue). O facto de essa falsa etimologia ter motivado a existência de duas (mais tarde) cinco chaves no brasão daquela vila transmontana, sem associação comprovada a qualquer facto histórico, demonstra a obliteração do significado original do topónimo e, possivelmente, a causa da maior frequência documental e fixação toponímica da variante feminina acusativa plural em -es.
Não dispondo das atestações latinas da variante acusativa plural Flavias, mas apenas das romances e latinizadas, José Leite de Vasconcelos associou a forma toponímica Chaves, por razões de fonética histórica e da função locativa, ao ablativo plural *(Aquis) Flaviis Lições_LV pp. 257-8, OpusculosIII, pp.331-336, no que foi seguido por José Pedro Machado DOELP, e Angel Montenegro Duque MontenegroTopLatina, p. 529.
Dokumentazio historikoa
Antzinatekoa eta Erdi Arokoa
- "Ad Flavias" séc. III Itinerário de Antonino, apud MiliariosNorHisp
- "ac mox iisdem delatoribus, quibus supra, Frumarius cum manu Suevorum quam habebat impulsus, capto Idatio Episcopo septimo Kalendas Augusti in Aquaeflaviensi Ecclesia, eumdem Conventum grandi evertit excidio (460)" séc. V CronIdacio, p.291
- "Idatius, qui supra, tribus mensibus captivitatis impletis, mense Novembri miserantis Dei gratia contra votum et ordinationem supradictorum delatorum, redit ad Flavias. (460)" séc. V CronIdacio, p.292.
- "Flavias" 1084, 1086 Costa_BragaLiberFidei
- "Homines de sauto maior eundo et ueniendo a Chauias non dent portatico" 1196 Foral de Souto Maior PMH, Leges, I, 4, p. 504
- "Adhuc mandamus ut quando iueritis ad Chauias, inde ueneritis non detis portagium nisi in Chauias"1211 Foral de Favaios PMH, Leges, I, 4, p. 555
- "Chaues" 1161, 1171 DMP, apud DOELP
- "do et concedo omnibus populatoribus sancti Stephani de Chavias pro foro" 1258 ChancAfonsoIII-I,1, p.163
- "Setpahnus Johannis tenens Chavias confirmat" 1266 ChancAfonsoIII-I,1, p. 418
- "donnus Stephanus Johannis tenes terram de Clavis" 1269 ChancAfonsoIII-I,2, p. 21
- "et Stephanus Johannis tenens Chaves, confirmant" 1270, 1272 ChancAfonsoIII-I,2, p. 34
- "Stevam eanes teendo Chauas confirma" 1271 ChancAfonsoIII-I,1, p.86
- "domnus martinus Alfonssy tenens claves" 1280 Chanc. de D. Dinis apud OpusculosIII, p. 335
Garaikidea
- "CHAVES. Vila na provincia de Traz os Montes, arcebispado de Braga, Comarca de Guimaraens" 1747-1751 DigGeoCardoso
- "Em 1160, reinando em Portugal D. Afonso I, a investiram denodadamente e a resgataram os dois irmãos Garcia Lopes e Ruy Lopes que, por tamanho feito se ficaram appelidando «de Chaves». Para eternisar a façanha destes dois irmãos, estão na matriz da villa os seguintes versos: «Dois hirmaons com as Quinas, / Sem rei ganharam a Chaves, / D’onde em roxo, cristalynas / Lhes foi dado por insígnias/ Em seu escudo sinco chaves».” 1873-1890 DicCoroPLeal, Vol. II, p. 283
- "Estas aguas são alcalinas quentes. Junto das nascentes a sua temperatura varia entre 50.º e 56.º centigrados. São conhecidas pelos nomes de Caldas de Chaves, Caldas de Vidago e Caldas de Vilarelho da Praia, e bastante frequentadas" 1889 DicChoro_Mattos
kognatuak eta erlazionatutako leku izenak
Na província romana da Hispania:
- Celticoflavia, Flavia Augusta, Iria Flavia, Flaviobriga, Flavium Arvense, Interamnium Flavium, Avia Flavia, Flavia Lambris MontenegroToplatina, p. 521
- Caldas de Chaves, Veiga de Chaves, Ponte de Chaves, topónimos secundários (conc. de Chaves). Os demais topónimos portugueses, constituídos por um determinado e o complemento de Chaves, parecem ser transferências toponímicas
- Chave (conc. de Arouca): villa Flavi 1094; Chavi 1080 Piel_Possessores
- Agruchave (Lalin, Pontevedra), com origem em Agru Flavii 'o campo de Flávio'.
- Vilachave (Moeche e Somozas, Corunha) Piel_Possessores
en Toponimia de Galicia e Portugal (PID2020-114216RB-C61), proyecto integrado en Toponomasticon Hispaniae, financiado por el MCIN/AEI/10.13039/501100011033/. http://toponhisp.org