UZEZAR
Uzezar e Ozezar são as formas das principais atestações medievais do nome Zêzere. Este potamónimo tem motivado várias propostas, em grande parte, de teor especulativo. A mais antiga filia Zêzere no fitónimo zenzereiro, uma espécie de salgueiro. No entanto, é também possível relacionar Zêzere com azereiro, zenzereiro, zezereiro, azereiro, azareiro, todas formas que denotam a Prunus lusitanica e que têm entrada no (cf. NDLP de Cândido de Figueiredo). Assinale-se que o NDLP admite a influência de Zêzere sobre zezereiro; sendo assim, tornar-se-ia improvável que o hidrónimo se devesse ao nome da planta – a situação seria a inversa, portanto, com o nome próprio a interferir como hipercorreção.
Outros autores associam Zêzere a diferentes estratos, como se enumera no DOELP: David Lopes (Nomesárabes_Lopes) interpreta a atestação medieval Ozezar como *odzezar (árabe od- ‘rio’ e zezar, do berbere zēz ‘cigarra’); Adolfo Coelho (1909: 320) relacionava a expressão “o Zêzere” com um nome de rio – “Osecrus ou antes Osecerus”; Piel (1944: 385) fazia-o remontar à forma antroponímica Ozecarus; outros ainda sugerem a cognação com César. Moreira (1967: 136) inclui Zêzere entre “frutos do arabismo”, como Almargem (de al marj ‘prado’). Bascuas_Topon2002 (p. 205/206), defendendo uma hipótese paleoeuropeia, propõe que a atestação medieval Uzezar supõe um originário *Upsetiari, pelo que o potamónimo representa a raiz *ups- ‘agua’”.
Este nome pode, portanto, provir de um estrato pré-latino, mas terá sofrido várias interferências que hoje dificultam a sua análise etimológica.
Redação: Carlos Rocha