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Águeda

Águeda

Tipologia ou caracterização geográfica

Río
Idioma do topónimo
Portugués

Étimo

*ACĂTA
Prerromano
Hidrotoponímia » Corrente

Ámbito semántico

Hidrotoponímia » Corrente

Resumo geral

Potamónimo pré-latino de origem obscura. Talvez derivado da raiz indo-europeia *aku̯ā ‘água, rio’, com a qual se relacionam cognatos indo-europeus do latim AQUA ‘água’, ou de *ag̑- 'conduzir, agitar'. Não se exclui a relação com um substrato pré-indo-europeu.

Aspetos geográficos, históricos, administrativos

Como potamónimo, tem registo desde o século X e, no século XIII, identifica um território, Terra de Agueda (DOELP). O uso como nome de lugar atesta-se mais tardiamente: em 1444 (Centro de estudos Históricos, 2017, p. 272); em 1515, no reinado de D. Manuel I (Livro do Forais Novos da Estremadura, folha 207, v. col. 2). O rio assim chamado nasce na serra do Caramulo, no concelho de Oliveira de Frades. O concelho com sede na localidade do mesmo nome foi criado em 1853. A localidade de Águeda foi elevada a cidade em 1985.

Informação específica de étimo para este topónimo

Águeda tem provavelmente origem pré-latina, mas não é segura a sua relação com o indo-europeu e, portanto, é possível que o potamónimo se inscreva num substrato pré-indo-europeu.

Se Águeda provém de um fundo indo-europeu pré-latino, é nome relacionável com o latim aqua, não diretamente, mas talvez por via de um cognato da raiz indo-europeia *aku̯ā- ‘água, rio’ (cf. IEW e Moreira_1967 p. 54). Contudo, na perspetiva da hipótese do europeu antigo, Hoz_1963 (p. 230) inclui o rio português bem como o seu homónimo salmantino (o Águeda, que serve de fronteira com Portugal) numa série hidronímica europeia que Un_Krahe (p. 54 e 62) filia na raiz *ag̑- 'conduzir, agitar', presente no verbo latim AGŌ ‘conduzir’: Aga (Letonia) ou o Eger < Agara 805, afl. do Elba, entre outros (ver também IEW e Bascuas_Hidron2014, p. 125). Sendo assim, não é de descartar a possibilidade de Águeda remontar a uma forma pré-latina *Agăta, hipótese que se tornaria plausível atendendo a que, nas atestações medievais de Águeda predominam as formas em ag- sobre as variantes  em ak- ou akk- (cf. Moreira_1967, p. 57), permitindo supor que esta últimas se deveram a interferência do latim aqua, com oclusiva velar surda. É possível até postular desde a época pré-latina uma oclusiva velar vozeada, e não uma surda, se se considerar que geralmente o -g- intervocálico latino se manteve no galego-português, quando seguido de uma vogal [+recuada]: PLĀGA- > chaga; mas LĒGE- > lei, porque a vogal é [-recuada] (contudo *VAGATIVU > vaadio > vadio, com supressão de um -g- entre vogais [+recuadas] – cf. Williams_1961 (p. 78), Huber_1989.

Quanto à sequência -eda de Águeda, também esta procederá de morfologia pré-latina, em cuja análise importa salientar a passagem de vogal baixa [a] postónica a vogal [-recuada] (Agata ou Agada > Águeda). A elevação da vogal parece dever-se à posição em sílaba átona, fenómeno recorrente na descrição do português: *MANIANA > menhã, var. de manhã; PANARIA > peneira (cf. Nunes_1989, p. 60/61, que também regista a situação inversa: serrar > çarrar; SECRETU > sagredo). A respeito da diacronia de -ada < -ata, Bascuas_Hidron2002 (p. 30) assinala a frequência significativa, na hidronímia pré-latina, do sufixo -t, ainda que num contexto concreto, precedido de -n ou seguido de semivogal anterior alta (iode), o que, observe-se, não é o caso de -ata.  Guerra_1998 (p. 727) igualmente salienta a frequência do sufixo -t- na onomástica lusitana, muito embora também sublinhe a sua escassez na toponímia correspondente, o que torna mais notável o potamónimo em apreço, situado no norte da antiga Lusitânia. Neste contexto, levantam-se, portanto, dúvidas quanto à indo-europeidade de Águeda, podendo propor-se como hipóteses que este potamónimo encontra explicação num estrato pré-indo-europeu (Carlos Búa, comunicação pessoal).

No DOELP sugere-se que o nome evoluiu do latim eclesiástico Agătha – por sua vez, adaptação do grego Ágathé –, do qual derivam também os antropónimos Ágata e Águeda, que ocorrem em hagiónimos e deram origem a topónimos (p. ex. Santa Águeda, em Lousada, distrito do Porto, e Sernacelhe, distrito de Viseu). Esta hipótese carece de dados capazes de explicar como de um antropónimo feminino se originou o potamónimo em apreço. Também não tem fundamento a tese de Fernandes (1943), segundo a qual Águeda evoluiu de Anegia, topónimo que hoje se aceita corresponder a Eja, no concelho de Penafiel (cf. Fernandes 1999, s. v. Eia). Quanto a Águeda, que ocorre como orónimo, denominando elevações (nos concelhos de Silves, Tavira e Alcoutim), não há dados que permitam supor cognação com os potamónimos aqui comentados.

Documentação histórica

Antiga e medieval

  • "inter Agata et Vauga" 883 PMH Dipl. p.7
  • "in ribulo de Agada" 981 PMH Dipl. p. 81
  • "in ripa de Agada" 981 PMH Dipl. p. 82
  • "circa riuulo Agata" 1018 PMH Dipl. p. 148
  • "in ripa de Accata" 1037-1067 PMH Dipl. p. 279
  • "discurrente rivulo Agada" 1131 DMP I p. 140

Moderna

  • “Águeda. Antiga Cidade na Lusitania hoje Villa de Portugal entre Porto, & Coimbra, sobre o rio do mesmo nome.” 1712 Bluteau
  • “Agueda. Neste Reino há dous rios deste próprio nome: hum, que passa por Agueda, e este he o Emineum dos antigos, que vay morrer em Aveiro: outro, que divide Portugal de Castella na Comarca de Riba-Coa.” 1762 Castro_1762 p. 102
  • “Agueda.– Nasce ao S. da F. de Varzielas, na serra do Caramulo […] entra no Vouga […]" 1874 Baptista_ChorograModernaPt p. 73/74
  • “Águeda. Diz-se que o nome desta povoação (hoje vila e sede de concelho do distrito de Aveiro) foi Anegia.” 1943 Fernandes_1941_1943 p. 79

Paisagem toponímica próxima

Contam-se o uso secundário de Águeda (cidade do distrito de Aveiro) como topónimo, bem como o potamónimo Agadão, afluente do curso superior do Águeda, e o lugar de Agadão, topónimo que se deve ao referido afluente. Provavelmente alusivos a correntes de água, encontram-se ainda os topónimos Aguada de Baixo e Aguada de Cima (cf. AlmeidaDicTopnPort, p. 22/21).

Cognatos e nomes de lugares relacionados

Em Portugal, além de Agadão, um derivado de valor diminutivo de Águeda (sobre diminutivos na hidrotoponímia, ver Búa_ToponimiaLatina) e nome de um afluente do curso superior do Águeda (cf. CMP), regista-se outro curso de água também chamado Agadão no concelho de Mortágua e pertencente à rede hidrográfica do Mondego (ibidem). Definindo a fronteira luso-espanhola, entre o distrito da Guarda e a província de Salamanca, o rio Águeda terá o mesmo étimo e alguns derivados na toponímia salmantina: Agadón ou Agadones (afluente do Águeda), Los Agadones (topónimo) e Campo de Agadones ou Campo del Agadón (topónimo).

Carlos Rocha:  "Águeda", 

en Toponimia de Galicia e Portugal (PID2020-114216RB-C61), proyecto integrado en Toponomasticon Hispaniae, financiado por el MCIN/AEI/10.13039/501100011033/. http://toponhisp.org 

[consultado en 12-05-2025].
Cerca: 11/04/2024
438
portugues

Coordenadas: -8.448154 40.571301

Las coordenadas en el estado español proceden del IGE

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Transcripción fonética
[ˈagɨdɐ]
Audio
Província
Aveiro
População
22 414 (2022 (INE, Portugal))

Gentilíco e apelidos colectivos

Gentílico(s)

aguedense

Pseudogentílico(s)
Sem dados

Antropónimos originados pelo topónimo

Apelido
Águeda
387 ocurrencias
Fonte: Forebears, DOELP

O uso de Águeda como apelido decorrerá da sua atribuição como alcunha alusiva ao topónimo (DOELP). Em alternativa ou paralelamente, pode ter surgido de título nobiliárquico, referente à atual cidade de Águeda ou ao seu território (GEPB e Tavora_2010).

Águeda
Nome
Águeda
443 ocurrencias
Fonte: Forebears, DOELP

Regista-se o antropónimo Águeda (cf. DOELP), o qual não terá a mesma etimologia que o potamónimo Águeda (ver secção Informação linguística e histórica). Fora do território ibérico, o site Forebears indica que Águeda, usado como nome próprio, tem um número significativo de ocorrências (3840) em Moçambique.

Águeda

Bibliografia específica

Centro de Estudos Históricos. 2017. Cortes portuguesas. Reinado de D. Afonso V (Cortes de 1441-1447). Lisboa: Centro de Estudos Históricos, Universidade Nova de Lisboa, 272

Livro dos Forais Novos da Estremadura, folha 207, v. col. 2 (apud Costa_DicCorPor e António Gomes da Rocha Madahil, Forais novos do distrito de Aveiro, Vol. 1, pp. 89-101.)

Assinaturas

Redação: Carlos Rocha

Agradece-se a Carlos Búa toda a informação etimológica e geográica, prestada pessoalmente, para elaboração e revisão desta ficha.

Rio Águeda e cidade de Águeda (https://www.cm-agueda.pt/pages/204)

Rio Águeda e cidade de Águeda (https://www.cm-agueda.pt/pages/204)

Ministerio de ciencia
Xunta de Galicia
Instituto da Lingua Galega
UPNA
UAM
Universidad de Zaragoza

El proyecto I+D+I Toponomasticon Hispaniae está financiado por el MCIN/AEI/10.13039/501100011033/. La presente aplicación contó con una ayuda para la consolidación y estruturación de unidades de investigación competitivas de la Xunta de Galicia (ED431C 2021/20).

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